É um cliché do género, bem sei, mas é eficaz. E é por isso, desconfio, que já não é a primeira vez neste livro que surge um conto de terror em que o envolvido tenta fazer os demais acreditar em algo de terrível que está prestes a acontecer, ou já aconteceu e pode acontecer de novo, e ninguém acredita nele. Esta é ideia tão comum no terror que tem milhares de variações, e aqui Ray Bradbury apresenta várias. No caso de O Vento (bibliografia), estamos perante uma história de terror sobrenatural centrada num vento maligno.
Uma das características deste conto que mais me agradaram é mostrar uma certa indefinição quanto a quem é o protagonista. A narração segue uma pessoa, um tal Herb Thompson; é ele, o que faz e o que pensa que funciona como fio narrativo, o que na esmagadora maioria dos contos o transformaria automaticamente em protagonista. Mas não é a ele que as coisas acontecem; é a um seu amigo, que lhe telefona, assustado, e já não pela primeira vez, convicto de que o vento o vai apanhar.
E é esse amigo que depara com a incompreensão e ceticismo dos demais. Não tanto do amigo, que tende a crer nele, pelo menos até certo ponto, mas da mulher deste, que acha o homem doido varrido e encara com severidade todas as tentativas ou até ideias do marido para ajudar o amigo. Como é de norma em histórias destas, no fim quem tem razão é o "maluco". E a história termina em tragédia e ameaça.
Não trazendo grande novidade, este é dos tais contos de Bradbury que estão muito bem construídos e bastante bem escritos.
Contos anteriores deste livro:
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