O que será que leva tantos autores portugueses que enveredam pela ficção científica, pelo menos nesta antologia (mas não só; vejam-se tantas das ficções do João Barreiros ou do Telmo Marçal, entre outros), a misturá-la com o horror?
Sim, foi o que fez também Paulo Mota. Amanhecer Etéreo (bibliografia) é um conto sobre um astronauta americano que sobe à estação espacial como solução de emergência para concluir uma reparação em atividade extraveicular, a qual causara a morte do astronauta chinês que tentara realizá-la anteriormente. E acaba como história de fantasmas. Ou de loucura, talvez. Sim, fica a dúvida, dúvida essa, entre fantasmas e loucura, que é uma característica muito usada nas histórias de terror.
A ideia podia ter pernas para andar. Mas Paulo Mota concretiza-a mal, não só por encher o seu conto de referências extremamente vagas a aparelhos e procedimentos, o que transmite uma fortíssima sensação de que pouco ou nada sabe sobre aquilo de que está a falar (e isto é fatal para quem tenta escrever FC) ou porque o argumento do conto está mais esburacado que uma peneira (o que não será tão fatal, mas também acaba por ser), mas também porque o português que utiliza é fraco, cheio de imagens batidas e de adjetivos desnecessários.
Esta história é muito fraquinha. A qualidade, que nunca foi famosa, tende a decair com o avançar da antologia, pelos vistos.
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