quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Charles Dickens: A História dos Duendes que Raptaram um Coveiro

Sim, Charles Dickens é um dos três autores apenas que têm duas histórias neste livro (é o último dos três, aliás) e, depois de O Sinaleiro, eis que aparece A História dos Duendes que Raptaram um Coveiro (bibliografia).

Dickens também é mundialmente famoso por ter escrito uma das histórias de natal mais célebres e influentes de sempre: A Christmas Carol, que em português é geralmente editada como Um Conto de Natal. E porque estou eu a falar disto, perguntarão vocês? É que este conto, que foi dado à estampa integrado no primeiro romance de Dickens, The Pickwick Papers, já apresenta muitos dos temas e boa parte do enredo que ele veio a desenvolver mais tarde na história do velho Scrooge.

O título é autoexplicativo mas não explica tudo. Não explica, por exemplo, que a história se passa na quadra natalícia ou que o coveiro é um "scrooge", misantropo e solitário. E bêbado. Por outro lado, sim, é facto que os duendes ("feios e zombeteiros", como Dickens os descreve) o raptam. Para quê? Para lhe mostrarem não propriamente momentos da sua vida em que ele se havia mostrado particularmente canalha, como no caso do Scrooge, mas instantâneos de vidas alheias, nos quais a humanidade, essa mesma humanidade que o coveiro detesta, se mostra no seu melhor. E entretanto vão-no surrando.

É um bom conto, sim, mas o principal motivo de interesse desta história é precisamente o facto de conter um embrião daquilo que viria a ser A Christmas Carol. Isto, ideias serem reutilizadas várias vezes ao longo do tempo pelo mesmo autor, acontece com certa frequência, e é sempre fascinante ver-se como elas vão evoluindo e se vão metamorfoseando ao longo dos anos, em especial quando uma dessas iterações acaba por resultar num clássico da literatura mundial, como acontece aqui.

Textos anteriores deste livro:

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