sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Sara Gwenllian Jones: Verme-Monge Saltitante

E eis-nos chegados à última das doenças, mas não se alegrem muito porque o livro ainda está bem longe de terminar. Mesmo o livro original, antes da inclusão das cerca de 100 páginas de material português, ainda inclui umas 130 páginas de coisas que extravazam a lista de doenças excêntricas e desacreditadas que têm vindo a ser lidas até aqui.

A doença que Sara Gwenllian Jones nos traz não tem nome de doença — chamar-lhe Verme-Monge Saltitante (bibliografia) é como chamar plasmódio à malária — mas apesar disso é um texto divertido, cujo principal motivo de interesse, para mim, reside na história que conta sobre a forma como as enfermidades eram encaradas na Idade Média europeia. A doença em si não é particularmente imaginativa, tratando-se de uma daquelas parasitoses que alteram o comportamento do paciente, neste caso por lhe alterar a perceção sensorial do mundo que o rodeia, levando-o a pensar que há subidas onde elas não existem, o que o põe aos saltinhos. Daí parte do nome; a outra parte provém de o verme se transmitir através do manuseio de pergaminhos, o que teria levado a doença a espalhar-se sobretudo enquanto havia mosteiros de copistas e iluministas.

Sim, que esta também é mais uma das numerosas doenças excêntricas e desacreditadas que giram à volta do livro e da leitura. É curioso como uma ideia, que em princípio seria inovadora e por isso interessante, ocorreu a tantos destes autores que ao fim de algum tempo já se torna mais cansativa do que outra coisa qualquer. É um risco que advém de se pedir a um grupo de pessoas com uma série de características em comum para escreverem textos sobre um tema específico: é fácil as várias imaginações seguirem caminhos paralelos.

Mas divago. Este texto é divertido, o que o tornaria interessante mesmo na ausência de outras qualidades. E como tem outras qualidades, é bom.

Textos anteriores deste livro:

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