domingo, 30 de agosto de 2020

Mia Couto: O Jardim Marinho

Realismo mágico em estado puro. É isso o que se pode encontrar nesta pequena história de Mia Couto, o que basicamente equivale a dizer fantasia em estado puro. E sim, desta feita trata-se realmente de uma história, uma pequena obra de ficção, pois se este texto tem algo de crónica esse algo está muito bem escondido.

O Jardim Marinho não é propriamente sobre um jardim, marinho ou não. É sobre uma família, sobre o amor e sobre a aceitação da diferença, mesmo perante a iminência da perda. É que o filho da família não é um rapaz como os outros: parece ter sangue de sereia e está mais confortável no mar do que em terra. E com a expressão "no mar" não me refiro a barcos. Refiro-me ao mar, ao habitat aquático propriamente dito.

E vai crescendo na praia, entre o mar e a terra. A família puxa-o para terra; a sua natureza puxa-o para o mar. É uma contradição que um dia teria de ter um desfecho, e de facto tem. Um desfecho bonito.

É aqui que mais gosto de Mia Couto. Precisamente aqui, onde a magia se cruza com a realidade da vida.

Contos anteriores deste livro:

1 comentário:

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