Nada como um lugar de aspeto lúgubre para servir de cenário a uma história fantástica de crime e castigo. Charles Nodier, que nasceu no sopé dos Alpes, arranja um lugar desses para situar este seu conto: um vale sombrio, coberto de floresta densa. Mas o seu O Vale do Morto (bibliografia) não se chama originalmente assim. Na verdade, este conto narra a história de como o vale ganhou esse nome.
É daqueles contos de estalagem, muito comuns nas histórias de fantasmas vitorianas, nos quais grupos de pessoas que mal se conhecem ou não se conhecem de todo contam histórias assustadoras umas às outras em volta da lareira. Histórias aninhadas noutras histórias. Aqui, a história é contada por uma das anfitriãs a um par de hóspedes, um dos quais é descrito como um tipo baixinho todo vestido de vermelho. Só faltam os corninhos e o cheiro a enxofre. A história que a anfitriã conta é a história do vale, ainda antes de ganhar o nome, pois o nome antigo também tinha a sua história: Vale do Recluso.
E é aos poucos que se descobre que houve um crime que alterou as características do vale e que todas as pessoas ali presentes têm qualquer coisa a ver com o vale e, algumas delas, com o crime. E nada mais digo, pois o desvendar progressivo do mistério é o que faz mover o conto. Este está bastante bem construído para este tipo de conto narrativo, e também muito bem escrito, ainda que acabe por não ser dos mais memoráveis, talvez em parte por tanto do cenário e construção ser semelhante a um número apreciável de outras histórias.
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