domingo, 9 de agosto de 2020

Charles Nodier: Baptista Montauban ou O Idiota

Com algumas exceções, quanto mais estes contos de Charles Nodier se servem das técnicas e temas literários do romantismo, mas esquecíveis me parecem. Este Baptista Montauban ou O Idiota (bibliografia), por exemplo, esqueci tão rapidamente que o tempo que decorreu entre a leitura e o momento de começar a escrever este texto, apesar de não ser mais que dois ou três dias, me forçou a ir reler alguns trechos para relembrar o tema e clima da história.

É que estão lá os clichés quase todos. O jovem enlouquecido, o amor proibido, o desejo de suicídio como solução teatral para o desespero de amor, tudo. Some-se a isso um elemento fantástico bastante ténue, que praticamente se resume ao facto do jovem falar com passarinhos, e facilmente se compreende o desinteresse que esta história teve para mim.

Por outro lado, está bastante bem escrita, pelo que quem se contente com a qualidade mais estritamente literária irá provavelmente sair desta leitura satisfeito. Poderá contar com uma espécie de história da Cinderela no masculino, sem irmãs malvadas mas em modo trágico, na qual um jovem educado em casa de um proprietário rico é de lá afastado ao início da adolescência (mas demasiado tarde) para não haver amores inconvenientes entre ele e a filha do proprietário, uma rapariga da sua idade que foi sua companheira de infância, o que o leva a desenvolver perturbações mentais. E ao contrário do final feliz do conto de fadas, aqui o desfecho é o rapaz ficar a saber que a sua querida perdida vai casar, e decidir assim pôr em prática algo que já planeava há muito.

Para mim, este é um conto bastante dispensável. Outros terão outras opiniões, como é natural.

Contos anteriores deste livro:

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