terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Susana Custódio: Mistério na Praia da Rocha

E aqui está uma raridade: um conto ambientado na minha terra. Ou não propriamente na minha terra, que segundo a formalidade das coisas a Praia da Rocha é uma localidade situada a 2km da minha terra, mas Portimão cresceu bastante desde que se decidiram estes formalismos, fartou-se de engolir localidades e aldeias que dantes ficavam isoladas e agora já não ficam, e hoje a Praia da Rocha não passa de mais um bairro.

Passando-se o conto na minha terra, não será surpreendente que vos diga que gostaria mesmo muito de ter gostado dele. E este Mistério na Praia da Rocha (bibliografia) até tem potencial: em plena época balnear, banhistas são enviadas para o hospital com sintomas de fraqueza e sinais de picadas, o que podia originar uma história interessante e tensa, embora talvez não no acanhado espaço disponível para cada autor neste livro. Mas, infelizmente, Susana Custódio faz pior trabalho do que poderia fazer no espaço disponível, pois escreve bastante mal (ou escrevia nesta época, às vezes as pessoas evoluem).

E como resultado disso, o conto mal consegue aguentar-se nas canetas, o mistério deixa de o ser muito depressa para qualquer leitor minimamente experiente e o final, apesar de conferir ao conto toques de ficção científica por via das monstruosidades lovecraftianas, deixa um sabor amargo de batota por ser fruto de um grande deus ex machina. E os deus ex machina são muito de evitar. Mesmo.

Este é mais um caso de potencial mal aproveitado. Por outro lado, Portimão já não está virgem como cenário na FC portuguesa, o que sempre é qualquer coisa.

Textos anteriores deste livro:

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