Tenho a certeza de que haverá alguns leitores capazes de adorar esta história de Jorge Augusto dos Santos Pópulo. Baseada na velhíssima fábula do lobo e da raposa, na qual esta confunde o reflexo da Lua que vê no fundo do poço com um queijo, cai lá dentro e depois arranja astutamente forma de enganar um lobo e safar-se, vira a fábula do avesso, transformando o reflexo da Lua no tal Círculo d'Encontro (bibliografia), o lobo num poeta, e a raposa numa moçoila impressionável.
A intenção é boa: apelar aos sentimentos nobres da bicharada, especialmente a humana, e transformar uma história de fraude e engano num conto de respeito e amizade. E de encontro. O problema é que eu tenho muito pouca paciência para a prosa poética, só a engulo quando é não só impecável no uso da língua mas também surpreendente, soando-me tudo o resto a purple prose, e a de Pópulo não é nem impecável nem tem nada de surpreendente.
Mas tenho a certeza de que haverá gente que achará o suprassumo todas aquelas imagens que a mim me soam forçadíssimas e de vez em quando um tanto ou quanto ridículas. É a natureza dos gostos.
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