quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Irmãos Grimm: O Burro das Alfaces

As minhas opiniões andam um bocado atrasadas relativamente à leitura, e quando digo "um bocado" o que quero realmente dizer é "bastante". Mas nem todas andam igualmente atrasadas; as opiniões sobre textos incluídos em publicações maiores tendem a atrasar-se mais que as opiniões sobre romances, e dentro daquelas quanto maior a publicação, ou melhor, quanto mais textos contiver, mais tende a atrasar-se.

Ora este livro dos Irmãos Grimm é muito grande. Ou seja: está muito atrasado.

Isso tem os seus problemas, naturalmente, mas também tem vantagens. Uma dessas vantagens é permitir-me perceber com toda a facilidade quais histórias são memoráveis e quais se esquecem depressa e quão depressa se esquecem. Se quando vou escrever a opinião tenho de reler parte da história para ver se me lembro da impressão que ela me deixou, é certo que é bastante olvidável. Se não, há nela qualquer coisa que me causou alguma impressão... o que nem sempre é bom sinal.

Pois bem: este O Burro das Alfaces é absolutamente olvidável. Porque é, lembro-me eu agora depois de reler vários trechos ao longo das sete páginas que ela ocupa no livro, uma espécie de manta de retalhos de elementos reaproveitados.

Um caçador vai para a floresta. Lá, encontra "uma velha muito feia" que lhe pede de comer. O caçador dá-lhe de comer. É recompensado com um procedimento para adquirir objetos mágicos. Sem duvidar por um momento, segue as instruções e, claro, obtém a recompensa. Depois lá vai ele mundo fora até encontrar mais bruxas, mas estas más, que o enganam e se apropriam de tudo. Mas claro que no fim a história acaba com o viveram felizes para sempre de quase todas estas histórias, após punição de quem é mais mau e redenção de quem no fundo até nem o era muito.

Tudo previsível, mesmo as reviravoltas, tudo já visto em milhentas outras histórias, tudo elaborado segundo fórmulas narrativas usadas até à exaustão. E o resultado é eu ter lido este conto e ter-me esquecido por completo dele em muito pouco tempo.

Nem é um mau conto, atenção; se fosse mau, talvez tivesse causado uma impressão maior. É apenas banal. Absolutamente banal.

Contos anteriores deste livro:

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