Não os contei, embora provavelmente já terá havido quem o tenha feito, mas parece-me que o conjunto de contos mais numeroso entre estas histórias escritas ou recolhidas (ou as duas coisas) pelos Irmãos Grimm é a das que incluem um feitiço e uma série de tarefas que é preciso realizar para quebrar esse feitiço. Outro conjunto bastante numeroso é o dos contos em que um príncipe ou princesa que se prepara para casar com a pessoa que realiza alguma proeza de vulto, mostrando-se assim valorosa, são enganados por algum ambicioso sem escrúpulos que lhes usurpa a identidade, ou simplesmente que dizem ter sido eles a fazer o que foi feito por outrem, tendo o verdadeiro herói da história de arranjar algum estratagema para levar a cabeça coroada casadoira a perceber o engano.
Este O Fogão de Ferro pertence a ambos os grupos.
A heroína é uma princesa que se perde ao tentar regressar ao reino do pai, penetrando numa floresta onde um príncipe está preso por um feitiço dentro de um fogão de ferro, do qual ninguém o consegue libertar. A princesa consegue, depois de várias peripécias, mas depois seguem-se mais uma série de peripécias, incluindo a tal troca de identidades, antes de finalmente se chegar ao inevitável viveram felizes para sempre. Com todas as peripécias, esta podia ser uma história interessante (bem, há que reconhecer que não deixa de ter algum interesse) se não fosse tão previsível no seu desfecho final, e também nos desfechos das suas várias secções, uma vez que quase todas já apareceram sob alguma forma em histórias anteriores.
Há diferenças nos detalhes, sim, e no encadeamento geral da coisa, mas é um bocado como a sequência de cartas num baralho: pode não ser exatamente igual a sequências anteriores mas nenhuma carta que apareça é nova ou surpreendente; todas já foram vistas muitas vezes. Não é como se de repente aparecesse um dois, sei lá, de chaves ou de bois.
Mas OK, a história não deixa de ter alguns motivos de interesse.
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