E é pelas mãos da Carla Marques que a ficção científica faz a sua estreia neste livro, ainda que de uma forma muito ténue, muito de raspão, pois Luz (bibliografia) é sobretudo uma história de fantasia com alguns elementos de horror cósmico e de FC. E é, mais uma vez, uma história que tenta atafulhar demasiadas coisas num espaço muito curto e sofre por isso.
E podia ter sido uma história interessante; a base é-o. Mas a necessidade sentida pela autora de explicar tudo o que se passa, mantendo a história nos seus estreitos limites, transformou o texto numa coisa insípida e sem emoção (o que é piorado por ser previsível desde o início, e isto não seria o alongamento do texto a evitar), nada adequada à história de apocalipse iminente que se quer contar. Por outro lado, Carla Marques tem a qualidade de evitar o infodump, preferindo transmitir a sua informação através de diálogos que fazem sentido porque colmatam reais carências de informação por parte das personagens; como vimos em opiniões recentes sobre outra antologia portuguesa, nem todos os nossos escritores, mesmo se consagrados, têm essa capacidade. É um ponto claro a seu favor, e é boa parte do que me faz supor que este conto talvez fosse bom se tivesse pelo menos o dobro da extensão, apesar de a autora mostrar algumas fragilidades no domínio da língua. Assim, é outro caso de potencial desperdiçado. Mais um.
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