domingo, 17 de novembro de 2019

Ray Bradbury: Possuída pelo Fogo

Todos conhecemos pessoas insuportáveis, não é verdade? Ray Bradbury, pelos vistos e apresentados neste seu conto, não é exceção, porque a sua protagonista é, precisamente, uma pessoa insuportável. Mas não uma pessoa vulgarmente insuportável; uma daquelas que o são invulgarmente, das que parecem fazer gala de ninguém poder com elas, daqueles chatos inacreditavelmente chatos, daqueles indivíduos que seriam capazes de levar um anjo celestial a perder por completo a pinha, dar-lhes um par de cabeçadas e um chuto no traseiro e mandá-los para sítios cheios de alhos e lutas, se tal criatura mitológica infinitamente paciente e doce realmente existisse. Anjos celestiais. Coisa que a protagonista deste Possuída pelo Fogo (bibliografia), muito enfaticamente, não é.

Bradbury põe esta protagonista a ser observada por dois velhotes cheios de boas intenções. Um deles tem uma teoria: a de que quando a temperatura chega aos 33 graus (Celsius; Bradbury certamente terá falado em 91 Fahrenheit, ou coisa que o valha) a violência se solta nos homens. E como a mulher deixa atrás de si um rasto de fúria acha que é só questão de tempo e de temperatura certa até que alguém a ataque com violência, provavelmente fatal. Por isso resolve intervir.

E como toda a gente sabe, de boas intenções está o inferno cheio, pelo que a coisa dá para o torto. Não, o conto não é lá muito surpreendente, mas Bradbury consegue mesmo assim deixá-lo bastante interessante. Não será dos seus melhores contos, que não é, mas é um bom conto fantástico.

Contos anteriores deste livro:

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