segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Ray Bradbury: O Emissário

Eis um conto que mostra um cão como melhor amigo do homem, ou neste caso de um miúdo doente, preso ao seu quarto. Mas que também diz que quando essa amizade não tem limites as consequências podem ser de arrepiar.

O Emissário (bibliografia) que Ray Bradbury aqui cria é o cão. É ele que parte pelo mundo fora, trazendo ao miúdo os seus cheiros e, até certo ponto, as suas texturas. Fidelíssimo, sempre que parte à aventura, incentivado pelo pequeno, levando consigo os sonhos da criança, regressa num alvoroço de respiração ofegante e rabo a dar a dar. É ele que depois começa a trazer-lhe também amigos. Especialmente uma certa menina Haight. E o pequeno é quase feliz, por uns tempos.

Breves.

É que a menina Haight morre de repente. E o miúdo fica meio órfão, órfão de amizade, a especular sobre o que farão as pessoas no cemitério, para horror da mãe que tenta afastar dele tais ideias. Mas lentamente as coisas voltam a alguma normalidade, embora o cão pareça ter perdido a alegria de outrora e tenha começado a trazer para casa cheiros estranhos. Cheiros a cemitério. A morte.

Mais uma vez, tudo o que ficou para trás pouco ou nada distingue este conto de uma história mainstream sobre a amizade entre uma criança e o seu animal de estimação. Mas, mais uma vez, é no final que ela se revela um conto de horror bastante clássico. E bastante bom, também. Não direi porquê, digo apenas que é muito eficaz a criar o efeito que pretende criar.

Contos anteriores deste livro:

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