sábado, 9 de novembro de 2019

Pedro Afonso: Aquilo

Já tínhamos tido, nesta antologia, contos que andavam a rondar, um mais de perto, outro de um pouco mais longe. E agora, com este Aquilo (bibliografia), de Pedro Afonso, temos um que é mesmo um conto de ficção científica.

O ambiente é de distopia futurista, embora de um futuro não muito distante, facto que vai ficando claro ao longo da leitura através de apontamentos mais ou menos subtis. Pedro Afonso tem a qualidade, que a outros autores infelizmente falta, de não começar ou interromper a sua história com um longo despejo da informação a dar conta do ambiente. E então acontece ao seu protagonista aquilo.

Aquilo o quê?

Aquilo. Simplesmente aquilo. Um fenómeno qualquer, não se percebe bem se psicológico ou relacionado com alguma rotura na continuidade do espaçotempo, que o leva, pelo menos parcialmente, do ponto onde estava para outro lugar qualquer, não sabe bem qual. Nunca sabe bem qual, porque se trata de algo recorrente.

E depois... o conto acaba.

E essa é a sua maior falha. Percebo que a tentativa talvez fosse a de deixar o final em aberto, mas a sensação que fica é a de excerto, ou de ideia insuficientemente desenvolvida, de autor que se meteu em assados, e até nuns assados interessantes, mas não sabe para onde ir a partir dos assados em que se meteu. Não sabe como sair deles. E o conto fica coxo, quando tinha potencial para ser bom.

Contos anteriores deste livro:

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