sábado, 23 de novembro de 2019

Ludovico Hélder Martins Alves: Render da Guarda

Um dos grandes problemas dos autores inexperientes é terem uma noção frágil dos ritmos próprios da literatura e por isso custar-lhes avaliar se uma ideia dá para um conto curto ou um conto mais longo, uma noveleta por aí fora. Ou de que forma, através de que abordagem, a ideia xis poderá dar uma história do tamanho tal. E como a maioria tem como referência principal, quando não é única, os romances, não é raro que tentem atafulhar um romance inteiro em textos (muito) mais curtos. O resultado é, inevitavelmente, um texto a rebentar pelas costuras ou já com as costuras rebentadas.

E é precisamente o que Ludovico Hélder Martins Alves (a propósito: ninguém com alguma experiência assina os textos com o nome completo) apresenta em Render da Guarda (bibliografia): uma história de fantasia a rebentar pelas costuras, que precisava de ser significativamente mais extensa do que é para ter alguma hipótese de ser boa. Assim, é uma história com algumas características e ideias prometedoras e um certo tom de policial, ou de história de espionagem, mas tão apressada que essas ideias parecem cair do céu à medida que são necessárias, sem nada de sólido a sustentá-las. A prosa, ao menos, é competente, o que ajuda o conto a não ser mau.

É mediano. Este é mais um dos muitos contos portugueses de FC&F que mostram potencial mal aproveitado.

Textos anteriores deste livro:

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