Olha-se para um título como As Aventuras de Thibaud de la Jacquière (bibliografia) e, sem qualquer informação adicional, pode julgar-se estar perante uma movimentada história de aventuras, possivelmente em quaisquer paragens longínquas. Essa ideia sofrerá um pequeno abalo quando se souber que o autor da história é Charles Nodier, pois essa não era muito a sua onda, e um abanão maior quando se sabe que se trata de um conto curto, extensão que não dá para grandes aventuras. Lendo, desfaz-se o que restar da ilusão.
Trata-se na verdade de um conto moral, cautelar, sobre um jovem estroina que, sem se dar realmente conta do que faz, num momento de irreflexão, vende a alma ao diabo. E paga o preço por isso, claro. Parte do conto é gasto a caracterizar o protagonista e a vida dissoluta que levava, arrancando o enredo verdadeiro quando ele se afirma disposto a empenhar a vida em troca de companhia feminina, para desagrado dos amigos, que não eram tão dissolutos como ele. Surge então uma beldade, e o resto é o que facilmente se adivinha.
Este é um conto razoável que não me parece que passe muito disso. Não pela beatice, que pessoalmente dispensava mas acho totalmente espectável dada a época e o tema, mas por o achar demasiado previsível, embora muito bem escrito. De facto, e pensando melhor, está tão bem escrito que talvez chegue mesmo a ser bom. Mas não me agradou por aí além.
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