domingo, 20 de dezembro de 2020

Jorge Palinhos: Hipersensibilidade Lexical

Não sei ainda se este conto de Jorge Palinhos é o melhor da parte lusófona deste livro, uma vez que ainda não os li a todos. Mas posso dizer com toda a certeza que é o melhor dos que já li, o que significa todos os que ficaram para trás e mais alguns de que ainda irei falar.

É que esta Hipersensibilidade Lexical (bibliografia) não só se integra perfeitamente no espírito da coisa como está impecavelmente escrita e tem um piadão.

A doença é um achado, já agora. O Palinhos arranjou uma maleita que consiste em ataques de cegueira, surdez e paralisações de outros órgãos dos sentidos sempre que os pacientes são expostos a certas palavras específicas. Não sei se foi essa a inspiração, mas fez-me lembrar aquele sketch genial dos Gato Fedorento sobre o "indivíduo que é javardola menos quando usa termos franceses".

Mas o que torna este conto realmente especial são os exemplos e os casos clínicos, do empregado de mesa que descobriu ser suscetível à palavra "pudim" à cantora, presume-se que lírica, que ensurdeceu vítima da palavra "bravo!" É a miríade de pormenores deste género, e a forma seriíssima como eles são apresentados, que tornam este conto um dos mais divertidos de todo o livro. Muito, muito bom. Aliás, diria mesmo, e correndo o risco de provocar um ataque nalguma cantora, que é caso para rematar com um:

Bravo!

Textos anteriores deste livro:

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