quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Mia Couto: O Filho da Morte

É realismo mágico bastante puro o que encontramos neste O Filho da Morte, pequeno conto que tem o subtítulo de No Campo de Refugiados e que traz consigo toda a magia poética das histórias fantásticas de Mia Couto.

A situação é terrível. Num campo de refugiados, há o cadáver de uma mulher grávida com todos os sinais de estar morta há vários dias. Não se sabe porque morreu, nem isso interessa; terá morrido de ser refugiada, simplesmente. Mas está grávida, e o presente aqui não é casual, pois a vida que tem dentro recusa-se a acompanhar a morta na morte. Acontece um nascimento, nada menos que milagroso. E depois, outra refugiada, uma mulher que era mais louca que mulher, toma conta da criança e assim se metamorfoseia em mãe.

Um conto bastante belo, apesar do tema. E também apesar do tema um conto otimista, que nos diz que a vida sobrevive a qualquer situação, por mais desesperada que pareça, e que o amor é capaz de transformar qualquer pessoa em alguém melhor, mais realizado. E, claro, tão bem escrito como é de esperar de Mia Couto. Muito bom mesmo.

Contos anteriores deste livro:

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