Este conto faz-se de três personagens. Um moribundo que já só espera a morte; um assassino em série, claramente psicopata, um homem que tenta apenas viver a sua pequena vida o mais normalmente possível. Três personagens que acabamos por descobrir terem um passado comum, na guerra colonial. Tinham sido amigos, camaradas de armas. Juntos, tinham cometido um crime. Uma chacina. Depois, passaram décadas cada um por seu lado, a viver vidas em grande medida separadas. Mas agora que um deles vai morrer voltam a ter de se juntar.
Porque um feiticeiro africano procura vingança.
É este o enredo básico desta noveleta de David Soares, A Luz Miserável (bibliografia), uma noveleta de um horror que é mais psicológico do que propriamente sobrenatural, ainda que este aspeto também tenha a sua importância. Não só porque a vingança do feiticeiro consiste em capturar os espíritos dos criminosos na altura em que morrerem, a fim de poder atormentá-los na eternidade, mas também porque as mortes causadas pelo assassino são justificadas com uma tentativa de se opor a essa vingança. Magicamente, claro.
E é muito boa, a noveleta. Bem escrita, sem aqueles exageros de pretensão que menorizam os textos mais recentes do autor, capaz de abordar um tema tão sensível como a guerra colonial (e consequentemente o colonialismo e o racismo) de uma forma violenta e crua mas sem ceder aos nacionalismos e saudosismos a que alguns dos nossos autores cedem, até porque nenhuma daquelas personagens é propriamente boa gente, nem mesmo o tipo que só quer mesmo que o deixem em paz, esta história é das melhores coisas que li dele. De caras.
Conto anterior deste livro:
Porque um feiticeiro africano procura vingança.
É este o enredo básico desta noveleta de David Soares, A Luz Miserável (bibliografia), uma noveleta de um horror que é mais psicológico do que propriamente sobrenatural, ainda que este aspeto também tenha a sua importância. Não só porque a vingança do feiticeiro consiste em capturar os espíritos dos criminosos na altura em que morrerem, a fim de poder atormentá-los na eternidade, mas também porque as mortes causadas pelo assassino são justificadas com uma tentativa de se opor a essa vingança. Magicamente, claro.
E é muito boa, a noveleta. Bem escrita, sem aqueles exageros de pretensão que menorizam os textos mais recentes do autor, capaz de abordar um tema tão sensível como a guerra colonial (e consequentemente o colonialismo e o racismo) de uma forma violenta e crua mas sem ceder aos nacionalismos e saudosismos a que alguns dos nossos autores cedem, até porque nenhuma daquelas personagens é propriamente boa gente, nem mesmo o tipo que só quer mesmo que o deixem em paz, esta história é das melhores coisas que li dele. De caras.
Conto anterior deste livro:
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