Esta é uma história de faroeste, e este meu pequeno texto vai estar carregado de spoilers porque é impossível falar dela sem se revelar detalhes de enredo (ou até da mera situação) capazes de afetar a experiência de leitura. Dizer que O Estranho (bibliografia) é uma história de faroeste não é spoiler porque isso é óbvio desde o início, dizer que narra uma noite em que um estranho vem ter à fogueira a que um grupo de soldados se aquece num deserto do Arizona também não, e pelo mesmo motivo, mas ir mais longe já será.
Considerem-se avisados, portanto.
Esta é uma história de fantasmas. Ambrose Bierce, de resto, é conhecido entre os fãs da ficção especulativa precisamente pelas suas histórias de fantasmas, e mais genericamente de horror, apesar de ter sido um escritor bastante versátil com obra em várias vertentes literárias. E é também conhecido como um excelente escritor, colocado por vezes ao nível de Poe e de outros expoentes do fantástico americano. Conheço-o muito mal, pelo que estou muito longe de poder formar uma opinião sobre se essa comparação é merecida. Mas se todas as suas histórias forem como esta, até é.
A grande qualidade deste conto é a forma como ele vai sendo desvendado. O tal homem aparece junto à fogueira e põe-se a contar a história de um recontro de um grupo de quatro homens com um bando de índios. Há nele alguma estranheza, alguma obstinação, mas nada que chame demasiado a atenção dos soldados. De facto só o comandante parece perceber rapidamente de que se trata, e por isso vai intervindo sempre que algum dos seus homens parece pretender calar o forasteiro ou fazer-lhe alguma pergunta inconveniente. O leitor mais perspicaz acaba também por perceber antecipadamente quem é aquele homem, mas os mais distraídos acabarão por ter uma surpresa no fim.
Um conto excelente. Pela sua construção, sobretudo, pela mão que guia o leitor pela narrativa, pelo final surpresa que pode ou não ser realmente surpreendente, dependendo da atenção com que se lê. Tudo francamente bom.
Textos anteriores deste livro:
Considerem-se avisados, portanto.
Esta é uma história de fantasmas. Ambrose Bierce, de resto, é conhecido entre os fãs da ficção especulativa precisamente pelas suas histórias de fantasmas, e mais genericamente de horror, apesar de ter sido um escritor bastante versátil com obra em várias vertentes literárias. E é também conhecido como um excelente escritor, colocado por vezes ao nível de Poe e de outros expoentes do fantástico americano. Conheço-o muito mal, pelo que estou muito longe de poder formar uma opinião sobre se essa comparação é merecida. Mas se todas as suas histórias forem como esta, até é.
A grande qualidade deste conto é a forma como ele vai sendo desvendado. O tal homem aparece junto à fogueira e põe-se a contar a história de um recontro de um grupo de quatro homens com um bando de índios. Há nele alguma estranheza, alguma obstinação, mas nada que chame demasiado a atenção dos soldados. De facto só o comandante parece perceber rapidamente de que se trata, e por isso vai intervindo sempre que algum dos seus homens parece pretender calar o forasteiro ou fazer-lhe alguma pergunta inconveniente. O leitor mais perspicaz acaba também por perceber antecipadamente quem é aquele homem, mas os mais distraídos acabarão por ter uma surpresa no fim.
Um conto excelente. Pela sua construção, sobretudo, pela mão que guia o leitor pela narrativa, pelo final surpresa que pode ou não ser realmente surpreendente, dependendo da atenção com que se lê. Tudo francamente bom.
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