sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Ângelo Brea: A Máquina da Entropia Inversa

Quando aqui falei do primeiro conto deste livro disse que o tinha achado semelhante em estilo e (parcialmente) em abordagem aos contos de António Bettencourt Viana, provavelmente por as influências de Viana e da Ângelo Brea serem semelhantes: Asimov, FC americana da golden age, esse tipo de coisa. Claro que um conto é muito insuficiente para esse tipo de ideia ser sólido e era muito possível que os contos posteriores a desmentissem. Essa possibilidade continua a existir depois de ler este segundo conto, mas A Máquina da Entropia Inversa contribui mais para confirmar a ideia do que para a desmentir.

A máquina de entropia inversa de Brea é uma espécie de máquina do tempo e o conto é daquelas histórias de FC com bastante technobable nos quais um grupo de cientistas faz um avanço tecnológico extraordinário e decide experimentá-lo. Há milhares dessas histórias; é dos tropos mais perenes do género desde os seus primórdios. Aliás, se se concordar que Frankenstein é a primeira história de FC propriamente dita, o género inicia-se precisamente assim, pois a história de Shelley é uma dessas.

Não encontramos aqui, portanto, nada de particularmente novo ou inesperado. O protagonista é enviado ao antigo Egito, por escolha própria (e a explicação para ele, que não faz parte da equipa, acabar por nela entrar para experimentar a máquina de entropia inversa é algo forçada), e em mais uma iteração da velha ideia de que o lar é onde o coração estiver, decide lá ficar, o que obviamente cria problemas ao presente. Trata-se de um conto derivativo, como se vê, mas que apesar disso não deixa de apresentar alguns pormenores interessantes, especialmente ao nível da ideia em si.

Conto anterior deste livro:

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