quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Pedro Pereira: A Besta (#leiturtugas)

Se eu analisasse este conto sob a ótica da literatura adulta, ele sairia bastante maltratado da análise. A Besta não é um bom conto e, se visto como história para adultos, nem sequer é um conto razoável. É mau. Mas a ideia de Pedro Pereira parece ter sido criar uma história juvenil e, para isso, há alguns critérios que mudam um pouco. Encarando esta história dessa forma, ela sobe ao nível do razoável. Mas daí não passa.

Não é tanto uma questão de clichés, ainda que eles sejam abundantes. Quem tenha visto alguma das milhentas produções audiovisuais de fantasia de série B ou C dirigidas ao público adolescente encontrará aqui elementos que conhece bem: o grupo de jovens amigos que embarca numa aventura, uma espécie de Buffy tuga a salvar o que é possível salvar, diálogos tipicamente teen, muito pouca profundidade, por aí fora.

O problema tem mais a ver com o português, em geral pouco entusiasmante e com alguns erros de palmatória que só em parte poderiam ter sido resolvidos com uma revisão (quando li a frase "desculpem lá a massada" primeiro ri-me, depois perguntei a mim mesmo se seria de carne ou de peixe e depois ri-me outra vez). E também com a estrutura, pois as três mil e tal palavras do conto se leem mais como o primeiro capítulo de uma história mais longa, um romance, ou até mesmo uma série, do que como um conto propriamente dito.

Por outro lado, Pedro Pereira até tem jeito para este tipo de história. Apesar de tudo o que de negativo ficou dito acima, a leitura não deixa de ser razoavelmente agradável, em especial porque o texto mostra um ritmo narrativo interessante e muito adequado à ficção juvenil. É isto o que torna o conto razoável.

É que bem desenvolvida, esta história até podia vir a ser o embrião de qualquer coisa válida. Uma fantasia juvenil ou, como agora está na moda no mercado, uma YA com interesse. Mas só se bem desenvolvida. Como está, não chega.

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