Um título como A Barca, para leitores portugueses, ou pelo menos para aqueles leitores portugueses que tomaram contacto com Gil Vicente na escola, remete imediatamente para os seus Autos das Barcas e é precisamente isso o que Pedro Pereira aqui apresenta: uma versão modernizada, muito encurtada e bastante simplificada do Auto da Barca do Inferno, escrita em jeito de homenagem.
Esta ideia de homenagear Gil Vicente é uma ideia simpática, mas não gostei muito do resultado. O espírito satírico de Vicente é difícil de transpor e Pereira só mostra dele um fantasma, apesar do seu pequeno conto até seguir fielmente o enredo do auto vicentino, completo com o ataque aos poderosos e o elogio dos simples. A escrita em si é eficaz, mas não passa disso, faltando-lhe a riqueza literária dos versos do auto, o que seria sempre até certo ponto inevitável numa adaptação para prosa, mas só até certo ponto.
Por outro lado não sei bem como poderia o autor ter conseguido melhor resultado com esta ideia. Um texto mais longo, menos simples, com espaço e elaboração suficientes para acrescentar qualquer coisa ao texto vicentino, talvez fosse uma opção, mas também é verdade que se correria assim o risco de perder aquilo que os Autos das Barcas têm de direto, mesmo quando algo oblíquo. É possível que assim eu não tivesse sentido que faltava aqui alguma coisa, mas também é possível que tivesse continuado a sentir o mesmo, embora a coisa em falta fosse outra.
A verdade, porém, é que senti. Este é um continho simpático, razoável, mas apenas isso.
Esta ideia de homenagear Gil Vicente é uma ideia simpática, mas não gostei muito do resultado. O espírito satírico de Vicente é difícil de transpor e Pereira só mostra dele um fantasma, apesar do seu pequeno conto até seguir fielmente o enredo do auto vicentino, completo com o ataque aos poderosos e o elogio dos simples. A escrita em si é eficaz, mas não passa disso, faltando-lhe a riqueza literária dos versos do auto, o que seria sempre até certo ponto inevitável numa adaptação para prosa, mas só até certo ponto.
Por outro lado não sei bem como poderia o autor ter conseguido melhor resultado com esta ideia. Um texto mais longo, menos simples, com espaço e elaboração suficientes para acrescentar qualquer coisa ao texto vicentino, talvez fosse uma opção, mas também é verdade que se correria assim o risco de perder aquilo que os Autos das Barcas têm de direto, mesmo quando algo oblíquo. É possível que assim eu não tivesse sentido que faltava aqui alguma coisa, mas também é possível que tivesse continuado a sentir o mesmo, embora a coisa em falta fosse outra.
A verdade, porém, é que senti. Este é um continho simpático, razoável, mas apenas isso.
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