sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Olha outro meu... de certa forma...

Já deve andar por aí mais um dos "meus"... de certa forma. Estas Histórias dos Sete Reinos do George R. R. Martin foram traduzidas por mim há já alguns anos e publicadas em português em 2014, antes mesmo de um volume equiparável sair em inglês. São três novelas, que deram um volume de cerca de 330 páginas. Agora foram reeditadas em formato de bolso, o que eleva as páginas a 400.

Para quem nada sabe sobre o livro, aqui ficam algumas informações: é ambientado no mesmo universo ficcional das Crónicas de Gelo e Fogo, provavelmente mais conhecido pelo título da série que as adaptou, e que também é título do primeiro volume das Crónicas: A Guerra dos Tronos. Se viveram debaixo de uma pedra nestes últimos anos, trata-se de uma série de fantasia ambientada num mundo secundário com características muito próprias, mas fortemente baseada no período medieval do norte da Europa (os Sete Reinos acima de Dorne, pelo menos; Dorne e outros locais baseiam-se noutras civilizações terrestres). Estas três histórias, no entanto, têm pouquíssima fantasia. São sobretudo histórias de cavalaria, protagonizadas por um cavaleiro andante e pelo seu fiel escudeiro, que por mero acaso pertence à família real.

E são também histórias que têm lugar cerca de um século antes dos acontecimentos das Crónicas de Gelo e Fogo, as quais arrancam com uma rebelião que derruba a dinastia Targaryen. Aqui, os Targaryen ainda estão plenamente no controlo da situação, apesar de já não disporem dos dragões que lhes proporcionaram a conquista do continente em que se situam os Sete Reinos. Ou seja: estas são também histórias que se desenrolam depois dos acontecimentos narrados noutro livro derivado das Crónicas e publicado este ano, em dois volumes: Sangue & Fogo. Volumes esses que, diga-se de passagem, são só metade do que está previsto, pelo que estas histórias hão certamente de fornecer material para o que falta.

Traduzir este livro foi diferente de traduzir um livro comum. Na verdade, não o traduzi como livro: já tinha traduzido uma das novelas alguns anos antes, para publicação na coletânea do Martin O Cavaleiro de Westeros e Outras Histórias, e tinha também a modos que traduzido a segunda, pois antes da novela traduzi a banda desenhada que a adapta. Portanto só a terceira destas histórias foi realmente nova, traduzida normalmente. Trabalhar na segunda foi um trabalho algo bizarro para o que estou acostumado: foi uma tradução condicionada ao trabalho já feito anteriormente, para evitar inconsistências. Mas tirando isso, traduzir Martin ou Robin Hobb é sempre uma espécie de regresso a casa para mim, e este livro não foi exceção. Consequências dos anos que passei a traduzir ou um ou outro, que já foram bastantes (cada livro são cerca de três meses de trabalho; podem fazer as contas), e que me levaram a conhecer-lhes bastante bem as técnicas e as abordagens. Mesmo que todos os livros sejam diferentes, e são, há sempre neles a familiaridade dos velhos-novos amigos.

Provavelmente a mesma familiaridade dos fãs das Crónicas que pegarem nestas Histórias dos Sete Reinos. É um livro diferente, mas também reconhecerão nele muitas coisas.

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