domingo, 11 de agosto de 2019

Ozias Filho: A Maratonista

Brasileiro radicado em Lisboa, Ozias Filho é mais poeta que prosador, e isso fica muito claro da leitura deste conto curto de história alternativa. A Maratonista (bibliowiki) é um texto pejado de repetições, que a princípio lhe dão uma cadência interessante mas depressa se tornam cansativas, sobre uma florista que corre e corre e corre sem saber bem porquê e acaba por salvar do regicídio o rei D. Carlos, em 1908.

O enredo é esquemático em absoluto, chegando quase a parecer abstrato. Isso e uma enorme teatralidade, bastante ridícula, fazem com que rapidamente o leitor seja assaltado pela impressão de não estar a ler um conto mas a assistir a uma ópera com mais que um pouco de bufa. E se me parece que o caráter operático é voluntário e consciente, não creio que o ridículo o seja. Pelo contrário: a ideia que me dá é que Ozias Filho escreveu o seu continho muito a sério. Mas posso enganar-me, naturalmente.

A questão a que há que dar resposta, se Ozias Filho foi ou não bem sucedido naquilo que se propôs fazer, portanto, recebe-a ambígua: sim e não. E isso faz com que o conto não seja mau, mas também não seja bom.

Contos anteriores deste livro:

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