E a encerrar, aqui temos o motivo por que eu descarreguei este número da Macondo, revista virtual que até aí desconhecia por completo. João do Rio é um autor que marca presença nos anais do fantástico brasileiro, e quis saber se o texto dele aqui publicado cairia também no âmbito do fantástico ou não. Para o Bibliowiki, claro.
E não cai. Identificado como crónica, apesar de apresentar características de conto (como o facto de contar uma história, completa com as suas personagens, as falas em discurso direto dessas personagens, por aí fora), Os Livres Acampamentos da Miséria relata uma noite de aventura pela boémia dos bairros pobres do Rio de Janeiro do início do século XX, época em que a miséria começava a subir aos morros onde hoje em dia se espalham as favelas, aventura essa profusamente regada a cachaça e a samba.
E é um texto interessante. A espaços fez-me lembrar Jorge Amado, o que é bom sinal, ainda que com uma escrita menos límpida que a deste. Não há é muito a dizer além disso: esta história, seja ela verdadeira, romanceada ou inventada, é daquelas histórias que encontram a pureza de sentimentos e a alegria em lugares à partida tidos como sórdidos e deprimentes, o que provavelmente coloca João do Rio como percursor de correntes literárias que fazem isso mesmo de uma forma ideologicamente motivada, como o neorrealismo. Mas precisamente por fazer lembrar essas obras, basta apontar para elas para se ficar com uma ideia bastante concreta sobre esta. É interessante também por isso. Mas não é algo que me encha as medidas.
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