sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Raymundo Netto: O Homem que Virou Relógio

E de repente, um conto fantástico. Raymundo Netto publica aqui uma pequena vinheta de uma página, mais coisa, menos coisa, de um fantástico surreal e absurdista, sobre um homem que um belo dia estaca no meio de uma praça e se põe a tiquetaquear as horas. E eis o motivo do título de O Homem que Virou Relógio.

Naturalmente, o tempo passa, não só pelo mundo em geral como pelo próprio homem que se fez relógio. E com ele vem o envelhecimento, e com este vem um certo desprezo que a crueldade do mundo reserva para as coisas obsoletas. E é assim que o homem-relógio acaba por ser removido a toque de picareta para dar lugar a um outro jovem que vira relógio. Digital. Modernaço.

Pesem embora alguns detalhes na escrita que não me agradaram lá muito, este continho é bastante interessante. Trata-se de um conto sobre o tempo, claro, e sobre a velhice. Das pessoas e das coisas, corporizadas nestas pessoas-coisa que Netto inventa. A ideia podia até dar um texto longo — novela ou romance — bastante bom, desde que à ideia de base fosse acrescentada uma história apelativa. Deste gostei.

Textos anteriores desta publicação:

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