segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Pedro Santo: O Filho do Pai Manel

Pedro Santo é humorista, apesar de praticamente ninguém o conhecer por este nome. Se falarmos de Bruno Aleixo, no entanto, a coisa muda de figura, e a maior parte dos portugueses irá lembrar-se dos bizarros programas, primeiro com um ewok, depois com uma espécie de cão vagamente chewbaccano, cujos argumentos envolviam invariavelmente histórias muito, muito parvas. O Bruno Aleixo, ou por outra, o Pedro Santo, conseguiu com esses programas arranjar um belo grupo de fãs, pelo menos durante algum tempo.

Nunca fui um deles.

Neste O Filho do Pai Manel tenta repetir a estratégia, ignoro se pela primeira vez, uma vez que nunca tinha lido nenhum dos seus contos (os quais parecem ter sido escassos, pelo menos até à publicação deste). E sai-se mal.

O protagonista da história é um idiota chapado, filho de um tipo chamado Manel. E a própria história é francamente idiota, seguindo a trajetória de vida do filho do pai Manel, que se convenceu que o seu futuro era ou ser doutor de Coimbra (sem ter concluído o secundário, evidentemente, muito menos a universidade) ou assassino a soldo, acabando a ganhar a vida como leitor de bulas de medicamentos a velhas e seguindo daí para farmacêutico e que se dane aquela chatice da verosimilhança. Tudo contado com uma prosa pouco segura, cheia de tentativas de burilamento não particularmente bem sucedidas, e com aquele jeito brunoaleixiano de fazer piadas secas com base na estupidez estratosférica de personagens e situações, que só muito raramente conseguiu levar-me a esboçar um sorriso.

O resultado é um conto bastante mau, dos piores desta coleção e dos piores contos que eu li este ano, material de fanzines incluído. Mas talvez agrade a alguns fãs do Bruno Aleixo, que é fruto que não caiu muito longe dessa árvore.

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