quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Jane Bowles: Aldeia das Cataratas

Confesso que me falta por completo a paciência para histórias sobre as neuroses de gente inútil, e por esta frase já poderão ficar com uma ideia bastante sólida tanto sobre o enredo desta longa história, quanto sobre a opinião com que eu dela fiquei.

Nunca tinha lido nada de Jane Bowles, e não me parece que volte alguma vez a ler, a menos que a apanhe por acaso noutra revista ou antologia qualquer. Porque este Aldeia das Cataratas não será propriamente caso para trauma, porque a novela (não contei as páginas mas o tamanho deve ser de novela) sempre está bem escrita e, à sua maneira, bem concebida, mas foi certamente das leituras mais aborrecidas que tive nos últimos anos.

Tudo gira em volta de duas irmãs, ambas completamente inúteis na vida. Solteironas e desocupadas, vivendo no ócio absoluto, têm fama de "neuróticas" e passam a vida a ruminar planos de fazer isto e aquilo, a resmonear desfeitas reais e imaginárias por parte dos outros membros da família e, na verdade, de qualquer outra pessoa que lhes cruze o caminho, em paroxismos de egoísmo e absoluta ausência de qualquer espécie de empatia pelo próximo, que se revela na incapacidade que ambas mostram em compreender qualquer coisa que lhes seja dita. Uma terceira irmã não é muito melhor, mas pelo menos tem o marido que a ocupe (o qual é moldado do mesmíssimo barro, apesar de não ser do mesmo sangue), pelo que não tem tanto tempo livre para neuras, embora talvez seja daí que lhe vem um caráter e língua mais viperinos. Gente desagradável e muito, muito estúpida, toda ela.

E o enredo pode resumir-se com a frase "irmã de férias num aldeamento chamado Aldeia das Cataratas concebe plano para se ir embora e desaparecer (que não põe em prática) e outra irmã resolve ir visitá-la, com consequências desagradáveis". O resto são ruminações, castelos no ar, conversas e atitudes imaginárias, tudo muito, muito, muito, mas muito chato. Mas mesmo muito chato. Absolutamente dispensável.

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