domingo, 28 de junho de 2020

B. M. Stableford: Síndroma de Acreção Ferrobacteriana

Uma das características mais importantes das ficções pseudofactuais à Borges é a sua plausibilidade. Esta é conseguida não só através de um estilo literário decalcado da escrita académica (geralmente, embora não só) mas também fazendo com que até as ideias mais estapafúrdias ganhem um ar de possibilidade, ainda que remota. Assim, a ideia é instalar a dúvida: será isto real? Sabemos que não é, mas...

B. M. Stableford não esteve para isso. Esta sua Síndroma de Acreção Ferrobacteriana (bibliografia), que até tem uma ideia daquelas que a malta criativa inveja — uma infeção por bactérias que pegam nos metais que são ingeridos ou inalados pelos pacientes e com eles criam objetos sob a orientação do próprio paciente, pois é este a determinar a forma da coisa que produz — é um pseudofactual que nem chega a contar propriamente uma história nem faz grande esforço por gerar alguma espécie de dúvida sobre a sua veracidade, ficando-se por uma tentativa muito surreal de ter piada.

Tendo a certeza de que alguém se divertirá com este texto, devo confessar que não me chega. Basta a ideia e o facto de o texto em si não a ter destruído para fazer com que não seja mau, mas não me chega.

Textos anteriores deste livro:

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