sexta-feira, 12 de junho de 2020

Francisco Ruiz e Santiago Exímeno (eds.): Qliphoth, nº 1

Sim, ainda ando a vasculhar aquelas primeiras publicações eletrónicas que tenho vindo a acumular no meu disco rígido não propriamente desde que o mundo é mundo, mas às vezes dá a impressão de que quase. Aquelas publicações que fiquei à espera de conseguir ler de forma cómoda, o que só aconteceu quando arranjei um tablet, mais de uma década depois de muitas delas terem vindo cá parar. Esta é uma dessas publicações.

Trata-se de um fanzine espanhol dedicado ao fantástico de base mitológica. O nome da publicação, Qliphoth, apesar da sonoridade lovecraftiana, é na realidade um termo cabalístico (em grafia inglesa), e estes anos todos depois já não me lembro de como este número 1 me veio parar às mãos. Terá sido distribuído por um dos fóruns espanhóis que eu frequentei durante algum tempo, provavelmente. Sei que se publicaram 21 números até 2007, além de um número zero, que este data de dezembro de 2001, e que tenho este número e o número 2.

A ideia da publicação é interessante, embora corra o risco de resultar em algo demasiado afunilado. Suspeito que em Portugal nunca resultaria; se nem fanzines generalistas de FC&F com alguma longevidade tivemos, tendo todos os que houve fechado ao fim de poucos números, muito menos conseguiríamos manter um com este tipo de restrições. Em Espanha, pelo contrário, resultou. E este número, estando longe de ser algo de transcendente, não deixa de ter o seu interesse, contendo um conto bom, outro que está quase a sê-lo e um conto e um poema que me deixaram mal impressionado. Completa a edição um artigo sobre a natureza e utilidade do sacrifício que, partindo de alguma informação correta sobre os sacrifícios em certas culturas que os praticavam, avança para umas ideias que fedem a extrema-direita pura e dura por todos os lados. Muitíssimo dispensável. Mas o conto do Madrigal faz com que a edição valha a pena.

Eis o que achei dos contos e do poema:

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