terça-feira, 25 de junho de 2019

Charles Sheffield: A Serpente do Velho Nilo

Não sei se foi de propósito, mas este número da Isaac Asimov Magazine está cheio de Egito: depois de Esperando os Olimpianos, em boa parte ambientado nas margens do Nilo, eis que este A Serpente do Velho Nilo (bibliografia) é fiel ao título e também tem o rio egípcio como pano de fundo.

Mas aqui o ambiente tem mais fantasia, ainda que este conto de Charles Sheffield não deixe de ser de ficção científica. Estamos entre arqueólogos e engenheiros hidráulicos, numa corrida contra o tempo para concluir as escavações num certo vale que os arqueólogos julgam ter grande significado por lá se encontrar enterrado algo que não se sabe bem o que é (há opiniões divergentes, as quais geram tensões fortes, especialmente entre os dois arqueólogos principais) antes da data aprazada para que as águas do Nilo inundem o vale a fim de fornecer irrigação a explorações agrícolas fundamentais para alimentar um Egito crescentemente sobrepovoado.

A trama complica-se quando chega ao local uma mulher que diz ser filha de um dos dois arqueólogos rivais, a qual depressa se transforma em objeto de desejo não só do outro arqueólogo, mas também do engenheiro, especialmente quando dá um espetáculo de dança fantasiada de serpente do velho Nilo, uma antiga deusa local. Sim, esta história não passaria nos testes de machismo: só tem uma personagem feminina, e esta só serve realmente à trama como objeto do desejo masculino. De tal forma que é esse desejo que leva ao desenlace trágico (e mágico, ou pelo menos fantástico no sentido em que procura deixar o leitor na dúvida sobre o que realmente acontece), que no entanto culmina com uma descoberta arqueológica de grande importância.

Apesar disso, o enredo não deixa de ser bem construído, o que torna o conto interessante. Não muito bom, parece-me, mas interessante.

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