quinta-feira, 20 de junho de 2019

Jorge Luis Borges: O Livro de Areia

Não, não estou gago. É só a velha mania que tantos autores têm de dar os mesmos títulos a contos e às coletâneas de que esses contos fazem parte e que tanta chatice (e páginas de desambiguação) me tem dado no Bibliowiki. Ataca por igual bons autores e autores maus e autores assim-assim (quando são sequer os autores a determinar os seus títulos, que às vezes são mais os editores que eles) e mesmo quando são bonzinhos e agregam aos títulos um apêndice do género de "e outras histórias" não é raro que à reedição n alguém se esqueça dele.

Bastante diversificado, como de resto é de comum nas coletâneas de Jorge Luis Borges, há neste O Livro de Areia histórias magníficas lado a lado com outras que ficam aquém do que um leitor razoavelmente fã do autor argentino espera dele, há o fantástico mais típico de Borges junto de contos realistas, de contos históricos, e até de um conto lovecraftiano e outro de ficção científica, e quanto à geografia em que têm lugar, ora estamos na Argentina natal do autor, ora saltamos para a Europa de Leste, e daí para a Inglaterra, para o Uruguai, para os Estados Unidos ou para tempos e lugares menos definidos.

Em comum, há a prosa concisa e precisa de Borges, despida de floreados inúteis e carregada de erudição e de uma certa atmosfera fantástica que até assoma ao de leve nos contos realistas. Mas o que realmente se destaca são os melhores contos. Ulrica é um assombro, A Noite das Mercês é ótimo, O Espelho e a Máscara é excelente, O Disco é magnífico e O Livro de Areia justifica absolutamente ter sido destacado para o título da compilação. Quem dera a muitos contistas ter apenas uma história com esta qualidade em cada um dos seus livros; Borges aqui tem várias. E isso chega e sobra para o livro ser muito bom.

Eis o que achei de cada história aqui contida:
Este livro foi comprado.

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