Guy de Maupassant é um dos grandes nomes do conto fantástico francês do século XIX, provavelmente o maior de todos, mas está longe de ter sido escritor apenas de fantástico sobrenatural. Este conto, Amor, é prova disso mesmo; trata-se de um conto naturalista, realista, sobre a caça.
Um conto sobre caça intitulado Amor?!
Sim. Porque o conto não é apenas sobre caça.
Muito bem escrito, como é típico de Maupassant, boa parte da narrativa do conto fala dos preparativos para a caça e da relação (de amor, também) do protagonista por tal atividade. A madrugada, verdadeiramente gélida, é o pano de fundo para uma caçada aos patos que vai terminar de forma abrupta. Este é dos tais contos em que uma porção significativa da eficácia depende da surpresa do final, pelo que não vo-lo revelarei, dizendo apenas que é um final forte, adequadamente romântico para o título e toda a ambiência da história, e que depende de uma característica que a lenda atribui aos patos mas na realidade não se-lhes aplica (aplica-se a gansos e cisnes, não a patos): acasalarem para a vida.
Pelo que, no fundo, esta é uma história sobre amores cruzados, sobre como e até que ponto um amor pode afetar outro. E isso contribui para fazer com que este conto seja bastante bom.
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