E depois da fanfic (pouco fan, conceda-se) da Cinderela, passamos à fanfic da Alice. Que Alice? A do Lewis Carroll, naturalmente; a do País das Maravilhas.
Estamos em clima de ficção científica. Cristina Flora põe o seu conto a abrir com um jardim artificial baseado num modelo antigo do século XXI, situando-o no futuro. E o conto segue com livros digitais (que já temos), espécies extintas (que também temos com fartura, embora não cravos, orquídeas, malmequeres, etc.), minhocas telecomandadas, e a coisa arranca de vez quando a criança que protagoniza esta história decide que vai fazer uma máquina do tempo. Ninguém acredita. Mas As Crianças Nunca Mentem (bibliografia), não é? Pois. Diz que não.
É aqui que a ficção científica se fica pelo clima. É que apesar de nunca ninguém ter alcançado tal feito, a miúda que protagoniza esta história constrói mesmo uma máquina do tempo (não se fica a saber como, claro), ou pelo menos uma máquina de qualquer coisa, capaz de a transportar para o País das Maravilhas. Tudo movido quase exclusivamente a diálogos, com uma pegada declaradamente infanto-juvenil (com ênfase na parte mais infantil) e ternurenta. Decididamente, não sou o público-alvo desta história, e não vejo a necessidade ou a vantagem de introduzir nela elementos de ficção científica que depois não são usados realmente para nada. Não é um mau conto, mas parece andar um bocado à deriva, querendo ser qualquer coisa que não é mas sem querer realmente sê-lo, por paradoxal que isto possa parecer. Não é mau conto, mas é fracote.
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