Quem julgasse que eu exagerei quando, na opinião sobre o conto anterior, falei repetidamente de clichés e elementos existentes em muitas outras histórias, bastar-lhe-ia pegar neste As Três Penas para ver como não houve exagero rigorosamente nenhum. Aqui se encontra um rei, de novo, com três filhos, de novo, o mais novo dos quais é simplório e recebe a alcunha de Tolo, de novo, e vão os três partir à aventura, de novo, e de novo há provas a ultrapassar. E de novo. E de novo.
Mais uma vez, e a crer na típica nota que sucede ao conto, também aqui os Irmãos Grimm não meteram grande prego ou estopa, ainda que esta história seja mais extensa do que a anterior. Um pouco mais extensa, mas menos do que parece, visto conter versos que, como se sabe, são coisas pouco económicas em termos de espaço. Outra semelhança é a ideia geral: o Tolo acaba por vencer as provas que os irmãos não são capazes de ultrapassar, graças à ingenuidade e à magia que encontra onde os outros nada veem. A diferença, subtil, é que ao passo que no conto anterior parece ser o bom coração o principal responsável pelo sucesso do Tolo (outro Tolo? o mesmo? boa pergunta), aqui este está mais dependente da sorte (ou da simples fé, para os que se inclinem para aí) do que de qualquer outra qualidade.
Mas no fim de contas, este também é um conto banal, cheio de elementos reciclados de outras histórias. Uma variante de muitas variantes, que se esquece rapidamente.
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