terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Livros de 2020

Este ano as coisas iam bem lançadas para acabar por ser um ano de muitas leituras, daqueles em que o joguinho do Goodreads de que falava no ano passado acaba vencido. Mas em setembro a minha mãe caiu, partiu uma perna, e a partir daí foi o descalabro total. Em vez dos cerca de 50 títulos que tinha marcado como alvo, li 31, um número razoavelmente baixo para o qual também contribui o facto de ter concluído o ano quase a terminar a leitura de uns quantos livros.

Mais positivo é o facto da contabilidade lusófonos/não lusófonos ter sido este ano bastante equilibrada. Li 15 títulos lusófonos, a grande maioria portuguesa mas incluindo também um livro mais propriamente lusófono por incluir autores de vários países de língua portuguesa, um outro que é principalmente português mas inclui também brasileiros e ainda um fanzine exclusivamente brasileiro. Somam-se a isso três publicações primordialmente não lusófonas mas com participação lusófona e o restante é material traduzido ou nas línguas originais.

A lista completa é a seguinte:

1. O País de Outubro, de Ray Bradbury (contos de fantasia e terror);
2. Bestiário, de Franz Kafka (contos e novelas fantásticos);
3. Doze Escritores Portugueses Contemporâneos, org. Nelson de Matos (contos e excertos mainstream por vezes com elementos fantásticos);
4. O Ladrão da Eternidade, de Clive Barker (romance de horror juvenil);
5. Maresia, de Fernando Correia da Silva (romance de FC distópica);
6. Hopscotch, de Kevin J. Anderson (romance de FC);
7. Órbita, de Thomas H. Block (romance de FC);
8. Talentos Fantásticos, org. Carlos Lopes (antologia de contos e poemas de fantasia, horror e FC);
9. Dez Contos Para Ler Sentado, org. Tito Couto (antologia de contos mainstream e fantásticos);
10. O Manuscrito Perdido de Lord Byron, de John Crowley (romance mainstream com pitadas de fantástico);
11. Irish Bar «La Gomera», de José Conrado Dias (novela mainstream);
12. A Tragédia de Fidel Castro, de João Cerqueira (romance fantástico humorístico);
13. Histórias de Espantar, de António Bettencourt Viana (contos de FC, com uma história de horror e uma policial);
14. Impacto, de Douglas Preston (romance de FC, variante technothriller);
15. O Marciano, de Andy Weir (romance de FC);
16. Os Melhores Contos Fantásticos, org. Flávio Moreira da Costa (antologia de contos fantásticos clássicos);
17. Um Rio Chamado Angústia, de Eduardo Madeira (conto humorístico);
18. Um Romance, de Rui Zink (conto mainstream);
19. Um Velório Alegre, de Mário Zambujal (conto mainstream);
20. Os Demónios da Noite e Outros Contos, de Charles Nodier (contos fantásticos e de horror);
21. A Barca, de Pedro Pereira (conto fantástico);
22. A Besta, de Pedro Pereira (conto de fantasia juvenil);
23. Desporto Radical, de Ricardo Dias (conto ciberpunk);
24. Diferente, de Ricardo Dias (conto de FC);

Também foram lidos alguns números de periódico, nomeadamente:

25. Pulp Feek, nº 3 (contos de horror e noir);
26. Magazine do Fantástico e Ficção Científica, nº 3 (contos de FC e fantasia);
27. Qliphoth, nº 1 (contos de fantasia e FC);
28. Magazine do Fantástico e Ficção Científica, nº 5 (contos de FC e fantasia);

E por obrigação laboral foram lidos mais três livros.

Tal como no ano passado, a ficção científica não dominou as minhas leituras de 2020. Dos 31 títulos lidos só 8 foram total ou predominantemente de FC, a que se somam mais 4 que incluem alguma FC. Estes 12 títulos, apesar disso, somam a parcela mais abundante das minhas leituras, tendo-se as restantes distribuído por uma série de outras coisas, incluindo bastante mais horror e coisas próximas (como o fantástico da época romântica ou o gótico) do que é hábito.

Contrariamente ao que aconteceu no ano anterior, em 2020 houve um livro que realmente me satisfez quase por completo: O Manuscrito Perdido de Lord Byron, de John Crowley. Curiosamente, trata-se de um romance que se afasta do tipo de leitura que mais costuma agradar-me, um romance mainstream, primordialmente histórico, ainda que inclua leves pitadas de fantástico. Abaixo deste livro, houve uma segunda linha com seis títulos que me agradaram bastante, entre os quais destacaria O Marciano, de Andy Weir, e O Bestiário de Kafka para compor um top-3. Desta vez não houve nenhuma leitura lusófona aqui misturada, o que é pena.

Nessa segunda linha encontra-se um título português, Maresia, de Fernando Correia da Silva, e foi essa a melhor leitura lusófona do ano. Para completar o top-3 teremos de descer à terceira linha, onde vamos encontrar, entre outros títulos, a antologia Dez Contos Para Ler Sentado e o romance A Tragédia de Fidel Castro, de João Cerqueira. São o segundo e o terceiro, respetivamente. A primeira inclui histórias vindas das mais diversas geografias onde se fala português, o segundo volta a ser português.

Entre estes títulos facilmente se encontra boa parte dos top-3 das leituras de, com e sem FC em 2020: O Manuscrito Perdido de Lord Byron e O Bestiário de Kafka foram as duas leituras sem FC que mais me agradaram, seguidos por um título que ainda não tinha aparecido: O País de Outubro, de Ray Bradbury. O Marciano e Maresia foram as duas melhores leituras de FC, e também a elas se segue um título que ainda não tinha aparecido: Hopscotch, de Kevin J. Anderson. E quanto a títulos que não são de FC mas contêm FC, eles foram demasiado escassos para fazer realmente um top-3, mas os dois números do Magazine do Fantástico e Ficção Científica valem a menção. Especialmente o nº 3.

Quanto às piores leituras do ano, de novo temos uma lista integralmente lusófona. Quem vai levar a palma de pior leitura do ano vai ser o Eduardo Madeira com o seu Um Rio Chamado Angústia, seguido por um livro que é significativamente pior que a soma das suas partes (o livro é francamente mau em tudo, da organização à paginação), a antologia Talentos Fantásticos, e para completar o bottom-3 temos a novela de José Conrado Dias, Irish Bar «La Gomera».

Daqui a um ano, mais ou menos uns quantos dias, e a menos que algo de catastrófico aconteça, cá estaremos a falar de como foram as leituras de 2021. Até lá.

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