Este é um texto muito curioso e bastante mais sofisticado do que pode parecer à primeira vista. Com toques de ficção científica (há, alegadamente, um par de hackers que inventa um algoritmo capaz de prever o futuro), com um narrador tão pouco confiável que escancara a possibilidade de ter acabado de inventar tudo a fim de "mostrar serviço", mas também com um certo elemento de presciência capaz de tornar algo estranha a sua leitura agora que estamos a meio de uma pandemia verdadeira, este conto consegue ao mesmo tempo escapar à atmosfera geral do livro e integrar-se inteiramente nela.
A Pandemia Y (bibliografia) que Aniceto Gregório inventa é uma pandemia inexistente. Mas apesar da sua inexistência, é uma pandemia tão séria que deixa a ONU numa roda-viva a tentar arranjar e produzir uma forma de a combater. Tudo com base em boatos, em diz-que-disse, em perguntas potencialmente embaraçosas que levam os ocupantes dos cargos à ação simplesmente devido ao receio de serem ultrapassados pelos acontecimentos e ficarem mal vistos. Isto, claro está, se o narrador/autor do texto não inventou tudo sozinho. O resultado não é um dos casos clínicos típicos deste livro, mas uma coisa algo diferente, um texto escrito por um autodeclarado leigo na matéria. E no entanto, apesar dessa diferença, o espírito do Almanaque está lá.
Este conto é bastante bom. O seu principal ponto forte é sem dúvida a originalidade, mas o resto dos ingredientes que para ele contribuem também estão entre o razoável mais (alguns gags um tudo-nada gratuitos são capazes de ser o que tem de menos bom) e o bom.
A Pandemia Y (bibliografia) que Aniceto Gregório inventa é uma pandemia inexistente. Mas apesar da sua inexistência, é uma pandemia tão séria que deixa a ONU numa roda-viva a tentar arranjar e produzir uma forma de a combater. Tudo com base em boatos, em diz-que-disse, em perguntas potencialmente embaraçosas que levam os ocupantes dos cargos à ação simplesmente devido ao receio de serem ultrapassados pelos acontecimentos e ficarem mal vistos. Isto, claro está, se o narrador/autor do texto não inventou tudo sozinho. O resultado não é um dos casos clínicos típicos deste livro, mas uma coisa algo diferente, um texto escrito por um autodeclarado leigo na matéria. E no entanto, apesar dessa diferença, o espírito do Almanaque está lá.
Este conto é bastante bom. O seu principal ponto forte é sem dúvida a originalidade, mas o resto dos ingredientes que para ele contribuem também estão entre o razoável mais (alguns gags um tudo-nada gratuitos são capazes de ser o que tem de menos bom) e o bom.
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