sábado, 16 de janeiro de 2021

Angelo Brea: As Exploradoras

Quando concluí a leitura deste conto, perguntei a mim mesmo se Angelo Brea teria perdido com ele a oportunidade de lançar uma interrogação algo mais relevante do que a história simples que conta. Esta, como de resto já acontece nos contos anteriores, é a sua abordagem pessoal a um tema razoavelmente batido na ficção científica: a chegada de alienígenas à Terra, onde vêm fazer o Primeiro Contacto mas onde deparam com os restos de uma civilização desaparecida. As Exploradoras são essas alienígenas, duas tripulantes aparentemente humanoides de uma nave interstelar. Mas o conto é algo mais do que isso e é no "algo mais" que reside a oportunidade que Brea não parece ter querido aproveitar.

É que as Exploradoras não encontram ninguém na Terra, sim, mas detetam na Lua sinais de vida. Vão verificar o que se passa e descobrem uma base ainda de certa forma habitada pelos últimos resquícios da civilização humana, encerrados em cápsulas de hibernação. Quinze pessoas apenas. E decidem transferir essas pessoas para a Terra, o que na prática constitui uma segunda oportunidade dada à Humanidade.

Aqui, Brea podia ter introduzido uma questão de toda a relevância: merecerá a humanidade essa segunda oportunidade? Para isso, no entanto, teria de pôr as suas exploradoras a investigar e revelar o que acontecera para que a população humana no planeta se extinguisse, e não o faz. O facto permanece como mistério, e o conto perde a oportunidade de se elevar a um nível que fica longe de atingir. É um conto razoavelmente fraco, não muito bem escrito, com ideias e estrutura um bom bocado anacrónicas. Um conto dos anos 50 ou 60 publicado no século XXI.

Conto anterior deste livro:

Sem comentários:

Enviar um comentário

Por motivos de spam persistente, todos os comentários neste blogue são moderados. Comentários legítimos passam, mas pode demorar algum tempo. Como sempre acontece, paga a maioria por uma minoria de idiotas. Parece ser assim que o mundo funciona, infelizmente.