Sempre me fez confusão a forma como se classifica de "crónica" coisas que nunca me pareceram sê-lo. Para mim, e excluindo a aceção histórica da palavra (crónicas do reino ou do reinado tal, por exemplo), uma crónica é um texto breve de caráter opinativo, mesmo quando a sua componente literária é forte. Não é um texto de ficção, mesmo quando dão esse nome a pequenos contos. Eu cá chamo-lhes precisamente isso: contos. E é assim que tenho vindo a chamar contos às histórias que Mia Couto tem vindo a contar neste livro que intitulou Cronicando. Já ficaram para trás dezassete.
Pois bem, não é isso o que chamo a este Natural da Água. A este texto chamo realmente crónica, pois aqui Mia Couto divaga sobre a água e os rios e as águas e rios da sua memória. É quase um poema em prosa, magnificamente bem escrito, mas não é uma história, portanto não lhe chamo conto. Até o tamanho é diferente do dos outros, que rondavam as 3-4 páginas cada; aqui são duas.
Mas isso que importa? O que importa é se é boa, a crónica. É? É. Bastante.
Textos anteriores deste livro:
Sem comentários:
Enviar um comentário
Por motivos de spam persistente, todos os comentários neste blogue são moderados. Comentários legítimos passam, mas pode demorar algum tempo. Como sempre acontece, paga a maioria por uma minoria de abusadores. Parece ser assim que o mundo funciona, infelizmente.