segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Isaac Asimov: Azazel

A história de Azazel (bibliografia) tem o seu quê de curioso. Batizado com o nome de um demónio bíblico, o que torna clara a inspiração de Isaac Asimov, entre as primeiras aparições da personagem ele foi alternativamente um demónio e um extraterrestre, caso em que as coisas fabulosas que conseguia fazer eram explicadas, provavelmente, com a velha máxima de «qualquer tecnologia suficientemente avançada ser indistinguível da magia». O motivo, como o próprio Isaac Asimov explica na introdução, foi editorial: as fantasias não eram publicáveis numa revista de ficção científica pelo simples facto de serem fantasias e não ficção científica, pelo que o demónio se converteu em ET para que a venda se efetuasse. Mas claro que o ET nunca deixou de ser demónio e, quando as histórias foram coligidas em livro, a máscara de FC caiu de vez, ainda que algumas destas histórias conservem alguns elementos do género.

Nestas histórias Asimov pretende ser espirituoso. Tudo é escrito com esse objetivo em mente, desde o facto de se introduzir a si próprio como personagem (o narrador, alvo constante dos insultos e menosprezos do homem que consegue invocar o demónio, é ele próprio) até ao facto de nenhum dos estratagemas do Azazel dar o resultado pretendido, umas vezes por defeito, outras por excesso. Não tenho qualquer dúvida de que ele se terá divertido bastante a escrever cada um destes contos, e também não me custa a crer que eles também divertiram muitos dos seus leitores, caso contrário não teriam sido tantos. Mas a mim?...

Infelizmente, e salvo algumas exceções, a mim não me divertiram por aí além. Asimov foi um bom escritor, à sua maneira, e é responsável pela criação de algumas histórias e conceitos realmente memoráveis, entre as quais se destacam as da Fundação com a sua psico-história e as dos robôs positrónicos com os seus dilemas lógicos. Mas todos os artistas têm pontos fortes e pontos fracos, e creio que o humor, decididamente, não é um dos pontos fortes de Asimov.

Até porque através do humor vêm mais claramente ao de cima alguns dos aspetos mais problemáticos da personalidade do autor, pois aquilo que nos diverte, e o modo como nos diverte, é uma janela bastante cristalina para quem somos. Há nestes contos algumas histórias francamente desagradáveis de ler e outras que combinam aspetos desagradáveis com outros em que as qualidades do autor surgem à superfície. E há algumas histórias realmente boas, o que impede o livro de ser mau.

Mas é fracote. É de longe o pior livro de Asimov que eu li, e estou aqui a contar com algumas das sequelas tardias e (muito) menores da série da Fundação.

Eis o que achei de cada um dos contos que compõem estes livros:
Estes livros foram comprados.

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