O Rui Zink é dos raros autores portugueses profundamente envolvidos com o meio literário "bem-pensante" (aspas importantes, estas) que mostra uma atitude absolutamente despreconceituosa (e despretensiosa) para com os géneros, movendo-se entre eles e fora deles com o à-vontade de alguém que não quer saber de rótulos e escreve o que lhe apetece como lhe apetece, com a única justificação de que fazê-lo lhe apetece. Muito por isso, é sempre com interesse e sem saber o que esperar que pego num texto dele. Por vezes, como seria sempre inevitável, não gosto muito; de outras vezes gosto bastante. Este Um Romance fica mais perto da primeira opção do que da segunda.
Não é um romance no sentido literário do termo, claro. Esta coleção é de contos, na sua maioria bastante breves, e este texto não é exceção, ainda que haja outros mais breves. Mas é sobre um romance.
Ou, mais precisamente, é sobre um romance que corre mal. E sobre as palermices que tantas vezes fazemos no campo das relações sentimentais.
Tudo é narrado por alguém que é alheio à história, e esta é meio observada, meio imaginada. Num restaurante, o narrador observa uma refeição que parece ter sido preparada pelo homem da relação para lhe pôr fim. Por insegurança, segundo quem observa tudo. Por medo. E Zink, em modo romântico (não me refiro aqui à corrente literária, atenção), usa a história como que para pedir desculpa pela palermice masculina, pela falta de jeito masculina, pela incapacidade masculina para fazer o que é correto na altura certa. A mulher da relação (do romance) pouco mais é que mera espetadora perplexa de um desastre em câmara lenta.
É um conto razoavelmente ternurento, bem escrito e bem feito, mas não me deixou particularmente satisfeito com a leitura. Gostei, não posso dizer que não tenha gostado. Mas não muito.
Não é um romance no sentido literário do termo, claro. Esta coleção é de contos, na sua maioria bastante breves, e este texto não é exceção, ainda que haja outros mais breves. Mas é sobre um romance.
Ou, mais precisamente, é sobre um romance que corre mal. E sobre as palermices que tantas vezes fazemos no campo das relações sentimentais.
Tudo é narrado por alguém que é alheio à história, e esta é meio observada, meio imaginada. Num restaurante, o narrador observa uma refeição que parece ter sido preparada pelo homem da relação para lhe pôr fim. Por insegurança, segundo quem observa tudo. Por medo. E Zink, em modo romântico (não me refiro aqui à corrente literária, atenção), usa a história como que para pedir desculpa pela palermice masculina, pela falta de jeito masculina, pela incapacidade masculina para fazer o que é correto na altura certa. A mulher da relação (do romance) pouco mais é que mera espetadora perplexa de um desastre em câmara lenta.
É um conto razoavelmente ternurento, bem escrito e bem feito, mas não me deixou particularmente satisfeito com a leitura. Gostei, não posso dizer que não tenha gostado. Mas não muito.
feliz ano novo aqui do brasil, que purga os retumbantes efeitos de uma má escolha!
ResponderEliminarObrigado e igualmente.
EliminarAgradeço ao Jorge Candeias a leitura crítica, que para mim parte de um cais essencial: a benevolência. Depois, claro, a benevolência tem limites e uma pessoa tem de ser honesta. Por acaso concordo (mas mesmo que não concordasse), é um conto não lá muito conseguido. Talvez um dia lhe dê uma volta. Agradeço muito.
ResponderEliminarDe nada.
EliminarOu talvez seja mais apropriado dizer obrigado eu.