sábado, 11 de janeiro de 2020

Carlos Afonso Portela: Quatro Vidas Num Jardim

Há quem deteste de todo o coração contos oníricos, com o seu característico esquematismo e a sua frágil solidez narrativa. Eu sou algo ambivalente para com eles; muitos, a maioria, deixam-me frio, alguns desagradam-me profundamente, mas também já tenho gostado muito de uns quantos. Quatro Vidas Num Jardim, de Carlos Afonso Portela (bibliografia), é dos que me deixam frio.

Portela escreve melhor do que a média desta antologia, apesar de um ou outro tropeço, geralmente causados por tentativas menos bem sucedidas de "fazer estilo". E conta uma história onírica confusa, como é comum serem, baseada num jardim esquemático cujo significado o protagonista tenta compreender, servindo-se para isso da ajuda de uma personagem que ele próprio cria. A moral da história é clara: há coisas que são estragadas assim que se tenta explicá-las, por isso mais vale aceitá-las como são, sem tentativas de análise. E há coisas demasiado pessoais para serem compartilhadas até com personagens que nós próprios criamos. Não creio que concorde com nenhuma destas ideias, mas a verdade é que o conto me deixou demasiado indiferente para gastar nele o tempo necessário para pensar realmente sobre elas.

Não é mau; é apenas esquecível.

Textos anteriores deste livro:

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