A autoria deste conto está mal atribuída a Charles e Mary Lamb, ainda que o problema seja mais da versão em português que do original, pois este inclui uma espécie de subtítulo que a completa. É bastante diferente intitular-se esta história como A Tempestade (bibliografia), assim sem mais e The Tempest: A Tale from Shakespeare. O título português pode ser de qualquer coisa; já o título original em inglês indica bem o que isto é: uma adaptação da peça de Shakespeare assim intitulada.
Ou seja: o verdadeiro autor desta história fantástica com base na mitologia grega é William Shakespeare; os Lamb limitaram-se a adaptá-la para conto, e fizeram-no de uma forma que não me convence, ainda que haja que dar algum desconto porque a intenção deles foi fazerem um texto destinado à juventude. O enredo, que conta uma história de vingança e reabilitação movida a magia e a paixão, parece frequentemente apressado e, a espaços, algo desconexo, e tudo acontece de forma brusca. Mas também não se pode dizer que a adaptação esteja propriamente mal feita, pois há nela algo de conto de fadas — o que até combina bem com a forma apressada, desconexa e brusca da narrativa porque muitos contos de fadas são assim — e a peça de Shakespeare foi assumidamente inspirada pelas histórias populares.
Embora eu não tenha gostado por aí além deste texto, não me parece desadequado como forma de apresentar a peça de Shakespeare aos miúdos. Se eles se deixam encantar por ele ou não, particularmente nos dias de hoje, é outra questão. Tenho algumas dúvidas, mas não sei dar uma resposta minimamente sólida.
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