Ao ler este Narração de Nelson de Matos (autor que nunca antes tinha lido) lembrei-me dos primeiros livros do António Lobo Antunes, embora não me parece que haja realmente muito em comum entre conto e romances, pelo menos em termos estilísticos. Será provavelmente uma questão de atmosfera, ou de tema. E talvez também, pensando melhor, de uma forma algo impressionista de contar histórias.
Narração está escrito como quem aponta. "A pátria. A unidade." É assim que começa, e é assim que quase todas as descrições acontecem. O ambiente é de guerra colonial, e a violência da guerra condiz perfeitamente com a brusquidão do estilo, mesmo não sendo propriamente a guerra o tema da história. Esta serpenteia pela memória de protagonistas que nunca chegam a ficar claramente identificados, tecendo uma teia de reminiscências descrita em tom de conversa. A guerra é apenas pano de fundo.
E eu gostei. Não é daquelas histórias que pretendem realmente contar uma história. É um retrato. Não propriamente de pessoas, mas mais de uma situação, de um momento no tempo, de uma certa atmosfera. E está bem conseguido, o retrato.
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