domingo, 5 de janeiro de 2020

Pedro Maria d'Almeida: Maria da Porta

E de repente, um corpo estranho. Pedro Maria d'Almeida escreve muito melhor, mas muito melhor, do que a generalidade dos outros autores presentes neste livro. Não há aqui gafes, não há fragilidades, não há inconsistências entre a história que se quer contar e o espaço em que se quer contá-la... por outro lado também praticamente não há história.

Almeida não é ficcionista, é poeta. O seu interesse não reside em contar uma história, mas em brincar com as palavras. Está imbuído daquele conceito de literatura, tão caro a demasiada gente, que a vê pela metade, reduzindo-a ao mero artifício linguístico. E assim, este Maria da Porta (bibliografia) serve sobretudo para criar frases como «O tempo ia passando e o rio fluindo como a vida sem porta nem comporta, e não importa porque não importa a alquimia do jogo das palavras.» Tudo o resto é secundário ao ponto de se tornar irrelevante. E eu detesto esta abordagem à ficção.

Mas por outro lado, a média desta antologia é tão fraquinha que apesar do que ficou dito acima este conto que não é bem um conto é capaz de se contar entre os melhores.

Textos anteriores deste livro:

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