E eis um conto um pouco ao lado das restantes histórias deste livro de Ray Bradbury, que quase invariavelmente mergulham no universo mágico e/ou sobrenatural. Não é o caso de A Morte Maravilhosa de Dudley Stone (bibliografia), um daqueles contos, em geral realistas, que Bradbury escreveu para homenagear os escritores de que era fã ou então, como neste caso, para refletir sobre o que é isso de ser escritor.
O enredo gira em volta de um leitor, fã de Dudley Stone, misterioso escritor que no auge da carreira pura e simplesmente desaparece. Esse leitor envolve-se numa discussão sobre o que teria acontecido ao seu ídolo; uns afirmam que morreu, outros que não, que está bem vivo. E decide procurá-lo. E encontra-o. Vivo... e simultaneamente morto, de certa forma.
A conversa entre o fã e o autor é uma reflexão bradburiana sobre as limitações da ficção, da relação, nem sempre óbvia ou fácil, entre esta e a vida, a fama e as frustrações que vêm do sucesso e da falta dele, não necessariamente por esta ordem. É uma reflexão muito interessante na qual ficam razoavelmente claras algumas opiniões do autor (refiro-me aqui ao autor-autor, não ao autor-personagem... ainda que também me pudesse referir a ele), envolta numa história tão bem escrita como seria de esperar. Quem vier à procura de fantástico é que provavelmente sairá desapontado, porque aqui não há.
Contos anteriores deste livro:
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