E de repente, um conto que me parece bom. Mesmo bom, isto é, melhor que bonzinho, ainda que não chegue a muito bom. Graça de Sousa escreve razoavelmente bem, para começar, quase sem aquelas fragilidades que se encontram num quinhão considerável dos outros contos deste livro, e além disso conseguiu construir uma história interessante, sensível e do tamanho certo.
A história gira em volta de um velhote e do seu filho. Os Monstros da Ilha da Culatra (bibliografia) são vistos pelo velhote, no mar, ao largo da ilha da Culatra, durante umas férias algarvias; coisas gigantescas, reptilianas, que o velhote avalia como dinossauros. Mas sabe que ninguém acredita nele, sabe que o têm na conta de velho taralhouco, pelo que se cala. Até que no fim das férias se abre junto do filho. E este aceita a conversa melhor do que ele esperava, por motivos que não compreende mas de uma forma que o alegra.
E no fim há um desfecho surpreendente que explica esses motivos e coloca esta história no campo do fantástico todoroviano, o tal que exige que fique a pairar a dúvida sobre se o insólito que irrompe pelo quotidiano tem ou não uma explicação natural, mesmo que neste caso essa explicação se faça mais provável do que a que não o é. Esta é das melhores histórias que o livro contém até agora.
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