Isto parece de propósito: depois de um autor usar as cadeiras que servem de tema à antologia como motor narrativo, vem outro que as usa como meros acessórios de uma história que pouco ou nada tem a ver com cadeiras; e depois deste, lá aparece um outro que de facto pega no tema e faz alguma coisa com ele. João Tordo é dos que preferiram ignorar o tema, usando-o apenas para pôr três personagens sentadas numa sala de espera, à conversa.
Apesar disso, achei este Três Cadeiras um conto interessante. Bastante bem escrito, cheio de imagens inesperadas (algumas das quais tão inesperadas que só devem fazer sentido na cabeça do autor, mas siga), é um conto de realismo mágico sobre uma desventurosa viagem ao México, cheio de ideias curiosas sobre a magia. Ou sobre o ilusionismo? Não: sobre a magia.
É basicamente um monólogo, intercalado com descrições do ambiente feitas pelo mesmo protagonista que monologa, e Tordo consegue manter assim a história interessante, e divertida porque também traz bastante ironia, até um final que é deixado tão em aberto que talvez leve alguns leitores a sentir-se insatisfeitos. Mas eu achei o conto bom. Não particularmente adequado a esta antologia, mas bom.
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